Homem encontra mãe biológica após anos de buscas e descobre que ela era ‘vizinha’ e tem o mesmo nome da mãe adotiva


Durante as buscas pela mulher que o trouxe ao mundo, Anderson Leonardo, de 28 anos, descobriu que ela ainda morou durante muitos anos em um bairro próximo ao que ele reside em Santos (SP). Anderson (de cinza) ao lado da mãe biológica e dos irmãos
Arquivo pessoal
Anderson Leonardo Ataliba Belo, de 28 anos, é morador de Santos, no litoral de São Paulo, e passou anos procurando pela família biológica. Neste ano, o homem descobriu que a mulher que o trouxe ao mundo morou durante muitos anos em um bairro perto de onde ele cresceu, e que ela tem o mesmo nome da mãe adotiva: Elaine Cristina.
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“[Foram] muitos anos de procura. Não tenho palavras para descrever os meus sentimentos e felicidade”, disse Anderson.
O homem passou pelo segundo encontro com a família biológica no último sábado (22), durante uma festa de aniversário de uma prima, onde estavam os irmãos de sangue, a mãe e a avó.
Adoção
Nascido Leonardo Andrade de Canuto, o jovem foi adotado quando tinha pouco mais de um ano, e, desde que soube ter sido acolhido de um orfanato, perguntava sobre a mãe biológica. O g1, inclusive, conversou com o psicólogo Bruno Farias, e ele falou sobre as reações mais comuns de uma pessoa quando descobre ser adotada (leia mais abaixo).
Anderson contou à reportagem que o interesse em encontrar a família biológica diminuiu com o passar dos anos, mas, um eletricista foi ao trabalho dele e comentou que conhecia um rapaz muito parecido. Ele contou que a situação o motivou a retomar as buscas.
“Eu fiquei com essa dúvida na cabeça, comentei com a minha tia [adotiva] e começamos a correr atrás”, explica.
Pistas concretas: mãe era vizinha
Como tem pouco contato com a mãe adotiva, ele pediu a ajuda da tia, chamada Claudia. Ambos começaram a procurar pelo orfanato em que esteve antes de ser adotado. Apesar das inúmeras tentativas de contato com a administração, nenhuma informação foi dada.
As coisas mudaram quando os dois procuraram ajuda no fórum, onde finalmente encontraram uma pista. A espera demorou meses, mas, em posse do processo adotivo, eles conseguiram identificar o ponto onde tudo começou.
Nos documentos, constava o nome e endereço da mãe biológica de Anderson, assim como os telefones de contato de alguns familiares dela. As maiores surpresas, no entanto, foram: descobrir que o endereço dado era no bairro Vila dos Pescadores, em Cubatão (SP), bairro vizinho de onde Anderson mora, e que o nome da mãe biológica era Elaine Cristina.
Ao chegar no endereço indicado, Anderson e a tia descobriram que Elaine Cristina não morava mais lá e ninguém dos arredores a conhecia. Foi durante as “andanças” pelo bairro que encontraram a avó e uma prima, que logo notaram a semelhança. Porém, avisaram que a mãe havia se mudado para Praia Grande (SP) há pouco mais de um mês.
Foram anos de buscas encontrar com Elaine Cristina em março deste ano. Anderson e Claudia foram até o endereço indicado pelos familiares e, depois de 28 anos, o rapaz finalmente pôde encontrar a mãe biológica.
“De começo ela nem acreditou, achou que fosse golpe e tal. [Quando chegamos] ela estava levando minha irmã no colégio. Ela até passou mal e a minha tia a acalmou”, explica.
‘Muito emocionante’
Anderson disse que demorou para “cair a ficha” e que mãe e filho choraram bastante durante o encontro. “Muito emocionante, eu não esperava [encontrá-la]. Ainda nem acredito, é uma felicidade que não tem explicações”, afirma.
Foi durante esse encontro, inclusive, que Anderson descobriu o motivo de ter ido para a adoção. Segundo ele, a mãe biológica trabalhava muito após o nascimento dele e deixava os dois filhos com a avó, que já estava debilitada na época.
Por supostas reclamações de vizinhos, uma assistente social teria ido ao local e recolhido Anderson e a irmã mais nova, levando-os a um orfanato. Ele afirma que a mãe biológica ainda tentou encontrá-los, mas não conseguiu. “Ainda não encontrei a minha irmã, mas ainda vou procurá-la”, finaliza.
Anderson Leonardo teve o segundo encontro com a mãe biológica no último sábado (22), durante uma festa de aniversário de uma prima.
Arquivo pessoal
Psicologia por trás
De acordo com o psicólogo Bruno Farias, a construção do sujeito é feita de forma pessoal e, conforme é desenvolvida, pode ocorrer essa vontade de responder algumas questões, como por exemplo: De onde eu vim? Com quem eu me pareço? Entre outras questões.
“A nossa identidade é construída por nós mesmos e [por conta disso] a pessoa adotada tem o desejo de conhecer as suas origens”, explicou.
No entanto, o psicólogo ressalta que essa vontade de conhecer as próprias origens não é uma regra seguida por todos aqueles que foram adotados. “Tem pessoas que se sentem totalmente incorporadas. Elas vivenciam esse grau de parentesco com a família adotiva a ponto de nem sequer lembrarem que não possuem laços de sangue, mas possuem laços de alma”.
A busca pelos familiares biológicos, ainda pode acontecer por curiosidade ou até mesmo uma pesquisa pessoal. Segundo o psicólogo, a reação de cada pessoa à notícia de que foi adotado depende do vínculo criado e da vivência que se tem com a família adotiva e com o mundo em o indivíduo habita. “Não tem nada de trauma [nisso]. Agora, para outros seres humanos, essa experiência pode sim ser traumática, algo desconfortável e pode não ser uma vivência positiva”.
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